Estava de pé quando/ minha boca se entreabriu./ Ouvi alguma coisa cair./ Um amor escorregou/ docemente/ raspando áspero/ do coração/ até o orifício
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Hoje eu acordei meio ontem. Essa coisa toda de ser ou não ser o que se foi. Abri agora meu e-mail quinze quilos a mais de lipídio, uma carga sem poesia, minha vida dilatada. Hoje chovi bastante. Pensei em como seria bom ser antes de antes. O eu de antes era poético, gostava de música, não ligava pra maquiagem, tinha dezessete anos. Estou sentindo o peso ou a leveza dos meus anos dedicados a não ser persistente, a comer sem ter medo, a fazer sexo sem pensar no tamanho do sutiã ou do pênis. Eu não tenho nada. O meu nada é um elefante sobre a corda bamba. Sou uma formiga que dá voltas sobre si mesma tentando seguir o rastro químico. Sabe, eu perdi a fome, eu perdi o prazer em mim mesma. Ontem mesmo abri a porta do carro e quis jogar-me. Eu não suporto as misérias do mundo, mas não consigo viver fora dele. Pensei na morte duas vezes. Às vezes ela pesa mais do que a vida.
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