A
inveja come o coração da gente.
É um
vírus inato. Adormecido no corpo. Alguma coisa o anima.
É um
estopim para uma revolução celular e um tumor brota como uma flor nos órgãos.
As
veias todas se retorcem.
Um
arrepio percorre todos os nossos sentidos.
Um
aviso de que se está vivo. De que se é sozinho. De que se tem ardências. De que
os chacras vibram. De que o sangue percorre a 23km/h e por isso é quente. De
que sou um corpo fechado.
De
que não suporto a ideia do outro.
Estou
vivo e meu corpo se arrepia.
Fiquei
feliz e imediatamente enrubescido.
Depois
uma dormência tomou meus braços
E
uma grande culpa por estar imóvel diante disso.
Poderia
ser eu. Poderia ser meu.
Mas
não é
E
permaneço no trópico de mim mesmo
Inerte
na
poesia de pertencer à minha própria natureza
de
ser mórula blástula gástrula nêurula
virar
um templo de células
um
ecossistema em crise
e
depois despir-me
em
aminoácidos
que
nutrem essa própria terra
trópico
morena
indígena
Brasil.