Estava de pé quando/ minha boca se entreabriu./ Ouvi alguma coisa cair./ Um amor escorregou/ docemente/ raspando áspero/ do coração/ até o orifício
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Doença Malagueta
Vamos escrever um livro. Escrevo um livro há tempos. Escrevo nas linhas grisalhas dos cabelos. Palavra enfileirada nas unhas e nos pés. Nos dedos longos, desfilam nas fibras dos pêlos. Se esticam em filamentos. Nos neurônios e no vento. Palavras salivando na boca. Saltam pela pele e chegam nas nervuras. Pulam, rodopiam, brotam como pintas. Espalham-se feito sarna. Doença malagueta. Tilinta de noite entre o ouvido e o cabelo. Não há escape. Doutor diz que é hereditário. E mais uma palavra me corrompe. Coça no céu da boca. Alergia crônica.
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