quarta-feira, 13 de julho de 2011

Doença Malagueta

Vamos escrever um livro. Escrevo um livro há tempos. Escrevo nas linhas grisalhas dos cabelos. Palavra enfileirada nas unhas e nos pés. Nos dedos longos, desfilam nas fibras dos pêlos. Se esticam em filamentos. Nos neurônios e no vento. Palavras salivando na boca. Saltam pela pele e chegam nas nervuras. Pulam, rodopiam, brotam como pintas. Espalham-se feito sarna. Doença malagueta. Tilinta de noite entre o ouvido e o cabelo. Não há escape. Doutor diz que é hereditário. E mais uma palavra me corrompe. Coça no céu da boca. Alergia crônica. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário